O traumatismo em dentes decíduos ( ou ‘de leite’ ) ocorre com freqüência em crianças pequenas, com os primeiros esforços ao engatinhar, andar e correr. Os dentes mais atingidos são os incisivos centrais superiores e os incisivos laterais superiores, acometendo principalmente a faixa etária entre 1 e 3 anos (dentes de leite) e entre 7 e 16 anos (dentes permanentes).
As lesões traumáticas são impactos cuja força agressora supera a resistência encontrada nos tecidos ósseo, muscular e dentário. O atendimento, diagnóstico e tratamentos devem ser bem realizados para se ter um bom prognóstico.
Em casos de traumatismos o atendimento imediato é essencial, independente do tipo de trauma deve-se procurar um odontopediatra que irá orientar os primeiros cuidados. É necessário verificar a intensidade do acidente, perguntando se há cortes fora da cavidade oral e se a criança apresenta tonturas ou náuseas, caso isso tenha ocorrido encaminhar primeiramente para um hospital e em seguida ir para o consultório odontológico.
Durante a conversa com os pais devemos acalmá-los, mostrar clinicamente e radiograficamente o que aconteceu, alem de explicar as possíveis repercussões para o dente de leite e dente permanente, bem como a importância do acompanhamento clinico, radiográfico e fotográfico.
Os dentes permanentes começam a se formar a partir do 5° mês de gestação e as raízes dos dentes de leite estão em intimo contato com o germe dos dentes sucessores, por isso um trauma pode repercutir em seqüelas na formação dos permanentes.
Traumas durante a dentição decídua resultam principalmente em deslocamentos e lesões dos tecidos de suporte, devido à maior plasticidade e flexibilidade do osso alveolar. Já na dentição permanente o osso é mais resistente, ocasionando mais freqüentemente fraturas das coroas dentarias.
Devemos investir na Prevenção aos traumatismos indicando o uso de cinto de segurança, meias antiderrapantes, capacetes, protetores bucais, não usar andador, tomar cuidado com chão molhado, quinas de moveis e ter sempre um adulto perto das crianças, pois qualquer distração pode levar a um tombo.
Mas se mesmo assim algum trauma ocorrer devemos estabelecer um plano de tratamento adequado para este momento, bem como sua projeção para o futuro, sempre orientando as mães sobre as possíveis seqüelas.
Os primeiros cuidados que os pais devem ter com a criança é lavar a região com água filtrada, tentar verificar a presença ou não de mobilidade dentaria, colocar gaze e tamponar o local em caso de sangramento intenso, colocar gelo e então entrar em contato com o odontopediatra. Deve-se evitar colocar a mão na boca, bochechar ou cuspir a todo o momento.
Deve-se estar atento se o dente foi perdido, e então procurá-lo. Caso não seja encontrado deve-se avaliar se foi engolido ou ate mesmo aspirado.
Se for engolido, devem-se monitorar as fezes para garantir que foi expelido, já se for aspirado é necessário procurar um hospital. Se um dente permanente sair por inteiro este deve ser recolocado imediatamente em posição, sendo previamente lavado apenas em água corrente, sem esfregar.
Nessa hora a abordagem emocional da criança e dos pais é muito importante, portanto devemos acalmar, acolher, explicar, respeitar seus medos e proporcionar um ambiente equilibrado para a execução do tratamento.
Após o trauma é necessário diminuir o uso de chupetas, mamadeiras, sucção de dedo, pois assim pode deslocar o dente, aumentar o sangramento e dificultar a reparação da região traumatizada.
O prognostico vai variar de acordo com a intensidade do trauma e o estagio de formação dental no momento. Deve-se realizar o tratamento imediato e controles de 7,15,30 e 60 dias, alem de avaliação clinica e radiográfica a cada 3 meses. O acompanhamento periódico permite detectar precocemente repercussões do trauma e com isso tratamento imediato.
Portanto em casos de trauma o atendimento tem que ser imediato e bem direcionado, o profissional deve estar preparado para manejar o problema não só apenas do ponto de vista terapêutico, mas também do ponto de vista emocional. Precisa ter controle da situação, transmitindo ao paciente e aos familiares, serenidade e segurança, pois o trauma associado ao impacto psicológico torna-os, muitas vezes hipersensíveis.