É desde cedo, na primeira infância, que se aprende a lidar com as limitações. Os limites são estabelecidos pelos adultos, em geral os pais, que decidem o que é permitido ou não à criança. No entanto, o que se verifica com bastante freqüência é a grande dificuldade dos pais em estabelecer limites aos filhos. Por que isso acontece?

Diante desta dificuldade, encontra-se um intenso sentimento de culpa dos pais, que ficam assim ao se confrontar com os próprios limites. Como mecanismo compensatório, eles acabam desenvolvendo uma prática educativa permissiva, como se as faltas pudessem ser supridas com os excessos (presentes, liberdade). Cada vez mais, nos deparamos com crianças despóticas, autoritárias e pouco éticas, o que sem dúvida trará conseqüências na vida adulta.

Muitos pais acreditam que não podem frustrar os filhos, pois pode ser prejudicial. Acabam banalizando as atitudes da criança. Mesmo diante da vergonha, do cansaço e dos exageros, eles não manifestam seus desconfortos, ou então, só manifestam quando esgotam seus próprios limites, tomando atitudes, muitas vezes, inadequadas (como bater, chantagear, castigar). Pode existir a dificuldade em dizer que eles mesmos têm limites (não têm dinheiro, tempo, não podem, não querem, os “nãos”). Como conseqüência a criança poderá ter dificuldades para perceber a existência de limites em si mesma. É importante lembrar que a contenção é uma forma dos pais expressarem seus afetos e cuidados.

Embora os pais sejam responsáveis em muitos aspectos, é necessário que haja um espaço para a criança ter suas próprias iniciativas, para não ser tolhida em seu processo de aquisição de autonomia e individualidade. Lembrando que a criança muito adequada e submissa às ordens parentais pode estar ocultando uma problemática, embotando sua espontaneidade.

As demandas dos filhos são infinitas. Diante da negação dos pais em atender, muitos se expressam gritando, se jogando no chão, ou chantageando. Esse comportamento pode significar uma tentativa da criança de manipular seus pais. Por outro lado, se a criança está intensamente triste, frustrada e insatisfeita, cabe aos pais questionarem o que está acontecendo, reavaliando suas relações.

Como principal aspecto, os limites expõem a problemática das regras morais e de convivência social, sendo necessário o reconhecimento do outro em seus direitos e desejos, seja criança ou adulto. Afinal, os limites servem para marcar fronteiras entre o eu e o outro.

Ida Bechelli
Patrícia Yumi Nakagawa
Psicólogas

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Como lidar com limites?
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